De posição privilegiada na nascente do Rio Dão, a aldeia da Barranha, com pouco mais do que 40 habitantes, poderia chamar-se a guardiã dessa fonte fluvial. Foi junto à origem desse curso de água, afinal, que se fixaram os primeiros habitantes desta zona do município de Aguiar na Beira, que integra o distrito da Guarda e se insere tanto na Região Demarcada dos Vinhos do Dão como na Região Demarcada do Queijo Serra da Estrela.
Sinal evidente da longínqua ocupação da freguesia de Eirado e das localidades envolventes é o Dólmen Carapito, apontado como um dos mais emblemáticos e imponentes monumentos megalíticos do país. Conhecido igualmente como “Casa da moura”, será também como um dos dolmens mais conhecidos internacionalmente entre os especialistas na matéria.
Uma passagem pelo miradouro do Talegre da Serra do Almançor permite uma melhor consciência da orografia da região, já que a partir desse marco geodésico se abarca todo uma paisagem natural em que a agricultura é facilmente identificada como a principal atividade económica do território. Daí resulta uma manta terrestre composta por vários campos de cultivo, nos quais a produção dominante é de hortícolas, castanha e azeitona, numa labuta acompanhada pela criação de ovelhas e aves, e pela apicultura.
Em termos de património edificado, a única capela da aldeia da Barranha tem um duplo orago, sendo dedicada tanto a Santo António como a Santo Amaro. O primeiro tem romaria própria por alturas do 13 de junho, como é tradição nacional, e o segundo motiva peregrinações em cumprimento de promessas, já que os crentes lhe reconhecem especial influência na saúde de braços e pernas.
A principal referência arquitetónica de Barranhas, contudo, é o seu casario de puro estilo beirão. Nas habitações mais genuínas, a construção é em blocos de granito contornados por um fio de branco, as casas dispõem-se por dois pisos e os quintais delimitam-se com muros escuros, decorados por algumas heras. No largo da aldeia, há ainda um tanque público onde se continua a lavar roupa e a corar peças de branco mais exigente.
Também interessante é o edifício da antiga escola primária, agora transformado em sede da Associação de Amigos da Escola da Barranha, que é dinamizada por ex-alunos do estabelecimento de ensino desativado há décadas. Jogos tradicionais como o da malha e o da sueca, passatempos para crianças, bailes e convívios são aí práticas assíduas aos domingos à tarde.
Ao ar livre, outras propostas para o tempo livre dos moradores e para as escapadinhas dos visitantes são os percursos pedestres pelo território. Sendo o Dão um dos principais afluentes do Mondego, o rio é tema de uma rota linear de 20 quilómetros entre a sua nascente na Barranha e a Quinta da Ponte, em Penalva do Castelo. Pelo meio, o denominado “Percurso do Dão” permite ainda conhecer a Capela de Nossa Senhora do Castelinho, o planalto granítico de Aguiar da Beira, o moinho do Porto de Aguiar, a ponte de pedra sobre o rio e o Santuário de Nossa Senhora dos Verdes, em Forninhos.
Nas proximidades, há dois outros passeios interessantes de trajeto circular: o Percurso Permanente de Orientação Turística Dólmenes de Carapito, que, além da Casa da Moura, inclui nos seus 3,4 quilómetros os dólmenes II e III dessa freguesia, que são outros exemplos de monumentos com 5.000 anos dedicados a sepulturas e ao culto dos mortos; e o Percurso de Orientação da Cortiçada, que, conhecido localmente como a Rota do Míscaro, dedica 3,1 quilómetros à descoberta de várias espécies de cogumelos, entre as quais o Míscaro Amarelo, que é o mais típico da região. ■