A aldeia do Bunheiro, no concelho da Murtosa, é parte integrante da chamada Terra Marinhoa – designação geográfica, cultural e afetiva, das terras da “marinha”, que bordejam a Ria de Aveiro.
Aldeia onde a atividade agrícola é, desde tempos antigos, predominante, vê a sua localização em pleno coração da Ria de Aveiro, fazer com que possua uma fortíssima ligação ao elemento água. Esta relação Terra-Água tem a sua maior expressão no moliço, nome dado às algas, arrancadas do fundo da laguna, pelos barcos moliceiros, que serviam depois, para fertilizar as terras, mas também no junco, que cresce nas marinhas ribeirinhas e com o qual se astrava o chão dos currais ou no possante gado marinhão, autoctone da região, que ajudava nos trabalhos agrícolas, puxando as charruas e arados que sulcavam os extensos campos de milho e feijão, e, simultaneamente, arrastava as redes da arte Xávega, no mar da Torreira.
À volta da lavoura, nasceram inúmeras atividades tradicionais, realizadas por artesãos, nomeadamente, as exuberantes cangas em madeira, os cestos e açafates de vime, as esteiras de tabua e bunho – arbusto que, com toda a probabilidade, deu o nome a esta aldeia!
Bunheiro convida-o a provar os sabores locais, como as caldeiradas de peixe e os rojões à lavrador que, tantas vezes, constituíam a ementa do almoço, em pleno campo ou num juncal no meio da ria, na pausa do trabalho. Numa terra beijada pela Ria, há lugares plenos de identidade e de história que não deve deixar de visitar: a Ribeira do Gago e a Ribeira do Martinho, pontos de partida e de chegada, que nos lembram o tempo em que a Ria de Aveiro era a grande autoestrada da região; a Capela e a Fonte de São Gonçalo; o Lavadouro; a Igreja Matriz de São Mateus e a Casa-Museu Custódio Prato – repositório dos usos e costumes da aldeia, que nos leva, numa viagem ao passado.