Árvores ou indústria? É esta a dúvida na discussão sobre a origem do nome da aldeia de Carviçais, no município de Torre de Moncorvo, distrito de Bragança. Uma corrente defende a teoria de que a designação resulta da grande quantidade de carvalhos que terá existido no local; outra linha de argumentação alega que a denominação se pode dever aos fornos de fundição chamados “carvoiços”, de que ainda há vestígios na zona.
Certo é que a povoação tem como indício mais antigo do seu povoamento as ruínas de São Cristóvão, uma antiga capela com necrópole construída na época medieval e composta por sepulturas escavadas na rocha, sobre um povoado romano.
Na Idade Média, Carviçais começou por ser um lugar da vila de Mós, mas no reinado de D. Sancho I passou a freguesia que, cobiçada pelos castelhanos, por eles foi incendiada e destruída em 1760. Décadas mais tarde, em 1836, a povoação foi integrada no concelho de Torre de Moncorvo e assim se tem mantido, particularmente bem preservada no seu casario de fachadas em pedra autêntica.
Junto ao rio Sabor, este povoado classificado como “Aldeia de Portugal” ganha revigorada dinâmica a cada dia 24, por altura da sua feira mensal. Nessas datas, habitantes, vizinhos e turistas vão ao mercado tratar de compras essenciais, mas espreitam também o artesanato da região, em que se destaca a cestaria, a ferraria, as rendas, os bordados e até a alfaiataria.
Se sobrar tempo, há quem inclua no passeio até à Igreja Matriz de Carviçais e às capelas do Divino Espírito Santo, dos Anjos e de São Pedro, passando pelo antigo cruzeiro, o chafariz da praça, as fontes do Mondego e do Gil, e o forno público comunitário.
Igualmente interessantes são as quintas dispersas pela freguesia, entre as quais as de Alexandre Baldo, as da Portela e da Solveira, e as do Canto, do Martim Tirado, do Malhão e do Púlpado.
Do Miradouro de Santa Bárbara, por sua vez, vislumbra-se uma paisagem que é atravessada por vários percursos pedestres, como a Rota da Cigadonha e a Rota da Fonte do Gil, e que se exibe pontuada de azul graças à Barragem de Vale Ferreiros, habitat para espécies distintivas de fauna e flora.
Já à mesa, as iguarias de Carviçais são o fumeiro, a posta à mirandesa, o cabrito assado, o arroz doce, o pão-de-ló e os chamados “económicos”, que são bolos secos e fofinhos tradicionais de Trás-os-Montes.
Essa e outra doçaria exibe-se com especial primor durante a Festa de Santa Bárbara, que Carviçais celebra no segundo fim-de-semana de junho, mas todo o ano a aldeia tem para oferecer um ótimo pão caseiro cozido em forno a lenha – que, sozinho, com acompanhamento salgado ou barrado com algo doce, se apresenta com mais brio e variedade na Festa do Pão que a freguesia acolhe no mês de março. ■