Aninhada num vale em plena Serra do Caramulo, a aldeia de Covelo de Arca é habitada desde a pré-história e tem como prova disso a Anta da Arca, que, também conhecida como “Pedra dos mouros”, está desde 1910 classificada como Monumento Nacional.
À fixação das população primitivas terá ajudado o facto de os solos da região se mostrarem propícios à agricultura. É certo que só no século XX esse povoado do concelho de Oliveira de Frades se passou a caracterizar pela policultura intensiva, mas já antes a produção de centeio e linho granjeava respeito e abastança à aldeia, como se depreende pelas casas de boa traça que, construídas nos séculos XVIII e XIX, ainda hoje decoram as ruas de Covelo de Arca.
Nesta povoação da freguesia de Arca, no distrito de Viseu, esse casario rural harmoniza-se com outro edificado de relevo: a antiga casa florestal, também designada “Casa do Guarda”; os desativados viveiros, onde antes se protegiam rebentos de árvores autóctones até poderem ser transplantados para a mata; e a capelinha de São Mamede, cuja construção original data de 1656.
A paisagem natural é, contudo, a grande mais-valia de Covelo de Arca e da sua envolvente. Por isso mesmo, há grande procura pela Rota dos Caminhos com Alma, percurso pedestre circular que, ao longo de 12 quilómetros, proporciona a descoberta de locais como o Carvalhedo da Gândara, área botânica de grande valor ecológico e turístico por constituir uma das maiores manchas de carvalho da Europa. Em Portugal, concretamente, esse arvoredo representa a maior mancha contínua de carvalho-alvarinho, que é o nome comum da espécie Quercus robur.
O apreço comum pelos recursos naturais do território é, assim, um dos elementos que reforça o espírito comunitário de Covelo de Arca. Munida de especial espírito de entreajuda, a população desta “Aldeia de Portugal” empenha-se na preservação das tradições locais e, entre essas, a mais emblemática será a de botar o cão no forno, expressão gastronómica que designa um enchido de forno que é particularmente generoso em carne. ■