Depois de ter sido sede de um concelho próprio entre 1514 e 1836, a aldeia de Pendilhe é agora parte do município de Vila Nova de Paiva, constituindo um território de autêntica ruralidade em cuja paisagem se destaca a porte altivo de vários espigueiros de traça esguia e tradicional.
Este povoado do distrito de Viseu, em plena Beira Alta, preserva, contudo, vestígios de uma ocupação bem anterior à Idade Média, como é o caso da Anta de Pendilhe, que, também conhecida como “Orca da Moira”, remonta ao quarto milénio antes de Cristo e é composta por um corredor com vários esteiros e uma câmara funerária coberta por laje granítica.
Nos milénios seguintes, o povoado desenvolveu-se com recurso à agricultura, que sempre ocupou as famílias da aldeia, e essa ligação à terra é o tema principal da coleção patente no Museu Rural de Pendilhe, que apresenta várias ferramentas utilizadas na lida agrícola local e dá a conhecer outros aspetos da vivência social e religiosa da respetiva comunidade.
Junto ao referido museu, o conjunto de canastros de Pendilhe pode considerar-se, aliás, um monumento ao espírito comunitário da aldeia, ainda preservado em atitudes de união e partilha coletiva, seja a cooperação no trabalho da agricultura e silvicultura, seja na forte dinâmica associativa de coletividades como o Rancho Folclórico “As Capuchinhas de Pendilhe” e o Grupo “Bombos de Pendilhe”, ambos afamados na região.
Mas a paisagem edificada da região inclui outros marcos, como o fontanário público em cantaria, o pelourinho de granito quinhentista, o forno comunitário e, sobretudo, um casario tradicional bem preservado, com traças ainda no típico estilo beirão.
A gastronomia de Pendilhe, por sua vez, tem como referências principais o pão, o queijo, a castanha, o fumeiro, a truta do Rio Mau e ainda o mel. É este último que todos os anos motiva na terra a Feira do Mel e do Artesanato, com mostra e venda de produtos, concursos que premeiam os melhores apicultores, exposições etnográficas e também atuações de ranchos, já que o evento coincide com o Festival de Folclore de Pendilhe.
Em tempos de primavera e verão, os moradores de Pendilhe deslocam-se ao vizinho concelho de Seia para saborear os encantos da Praia Fluvial de Vila Cova à Coelheira, que dispõe de zona de banhos, espaço de merendas, parque infantil e uma zona de campismo a jusante. No mesmo período a população diverte-se ainda nas romarias da terra, que são a Festa da Senhora da Assunção no dia 15 de Agosto e a Festa da Senhora da Piedade, no domingo anterior.
Já no outono e inverno, é a paisagem bucólica e rural de Pendilhe que mais concentra as atenções de residentes e visitantes, não só pela fotogenia do povoado, mas também pelas “comédias de Natal”, tradição que nessa quadra envolve encenações de teatro por grupos amadores.
Seja qual for a altura do ano, no entanto, os visitantes ficarão a saber mais sobre os costumes da terra se souberem puxar pela hospitalidade de quem sempre viveu em Pendilhe. Os forasteiros mais conversadores poderão até ser convidados a conhecer o cantinho de trabalho de alguns moradores que, a título particular, asseguram aquele que é o artesanato mais típico do povoado: as capuchas de burel, que ainda se usam para agasalho dos agricultores, e as meias de lã virgem de ovelha, espessas e bem quentes, para os dias do mais inóspito clima serrano. ■