A Aldeia de Porto Carvoeiro, situada na margem esquerda do rio Douro, pertence à freguesia de Canedo, em Santa Maria da Feira, e foi, no passado, um importante entreposto comercial desse concelho do distrito de Aveiro. A esse povoado chegava então sal, vindo do sul, e carvão, transportado do interior, assim como Vinho do Porto, em barcos que cruzavam o rio e ali faziam uma pausa também para os seus passageiros pisarem terra firme. Barcos rabelos e embarcações aproveitavam igualmente para aí carregarem madeira, lenha e vários outros produtos com destino ao Porto. A proximidade da água ajudava assim ao comércio, mas também permitiu desenvolver a pesca, pelo que até hoje Porto Carvoeiro é um bom ponto para captura de pescado como lampreia, sável, savelha, muge e barbo.
Envolta numa paisagem em que, de um lado, há a tonalidade intensa do rio Douro e, do outro, uma densa floresta de eucaliptos e pinheiros, esta Aldeia de Portugal proporciona ao visitante um ritmo calmo, que convida ao usufruto da paisagem natural e à conversa com a população local, que aí cuida dos seus quintais, trata dos barcos e se dedica a outros trabalhos manuais. O povoado e o território envolvente são, aliás, reputados por algum do seu artesanato, que se distingue por artefactos elaborados em cortiça, peças em mármores, objetos em ferro e latão, cerâmica tradicional, rendas em crochet e trabalhos vários em arame, rede, madeira ou pele, como crivos, peneiras, bombos e pandeiretas. Outros artigos típicos da região são os liteiros e outras mantas, as cangas e jugos para animais, os cestos de vime, os tamancos e socas de madeira, as vassouras, escovas e rodos – a que acrescem ainda, num trabalho mais delicado e surpreendente, os violinos.
Pelas ruas estreitas de Porto Carvoeiro há ainda que apreciar a arquitetura de duas casas de estilo senhorial quer persistem no povoado, uma delas com uma capela privada de peculiar beleza e à qual se pode aceder mediante convite dos proprietários. As outras habitações, embora sem traça distintiva, costumam mostrar-se decoradas por vasos floridos com sardinheiras, suculentas e outras plantas, e engalam-se especialmente, com atoalhados à janela, durante as festas de São Lourenço, sempre no primeiro fim-de-semana de agosto.
Essa é uma boa altura para programar dias cheios na aldeia: é possível combinar passeios de canoagem no rio com caminhadas pelas margens, retemperar forças com lanches em que os doces tradicionais são fogaça com mel ou doce de abóbora e nozes, e biscoitos como os almendrados, amanteigados, areados e caladinhos. Na hora de refeições de maior sustento, as famílias locais orgulham-se de servir os peixes grelhados pescados mesmo ao lado e assados de carnes mistas dispostas sobre arroz de forno, a par de batata assada com tomilho. Para sobremesa, repetem-se os já referidos doces da terra, fruta dos pomares locais e, claro, um bom cálice de Vinho do Porto. ■