A aldeia de Ul estende-se ao longo de dois cursos de água, o Ul e o Antuã, que confluem no sítio da Ponte de Dois Rios e conferem ao local uma personalidade muito própria. Este povoado da freguesia homónima do concelho de Oliveira de Azeméis tem um passado rico em história e tradições, com as respetivas marcas arqueológicas. Acredita-se que a zona era habitada por um povo pré-celta, pois ainda se encontram no local algumas mamoas desse período.
Atualmente, o centro deste povoado classificado como “Aldeia de Portugal” é um cenário idílico, com casario branco onde ainda se fabrica pão de Ul e uma envolvente de denso verde, com sombras convidativas junto ao rio. Esse é o ponto de partida para diversos percursos pedestres pela região, entre os quais se destaca a Rota dos Moinhos, num trajeto definido ao longo das margens do Antuã e do Ul. Caminhos, levadas e açudes são algumas das construções que pontuam o passeio, em que às vezes se identificam quedas de água de altura considerável.
A relevância desses cursos de água, dos seus moinhos e da produção dependente dessas estruturas fica mais clara após uma visita ao Parque Temático Molinológico, um verdadeiro "museu vivo" sobre a moagem de cereais e a confeção do pão – atividades com mais de 200 anos de tradição em Oliveira de Azeméis. Nesse parque, com iniciativas ajustadas a públicos de todas as idades, é possível assistir à moagem e à preparação de pães, padas, regueifas de canela e broas, a saborear no imediato ou pouco depois, no parque de merendas de Ul.
Por perto há ainda para descobrir o Núcleo do Castro e o chamado Moinho da Barroca, sobre o qual foi construída uma habitação que permite a estadia de hóspedes. Outras estruturas de interesse são, no coração da aldeia, os espigueiros, alguns cruzeiros e alminhas, e a Igreja de Santa Maria de Ul, cujo corpo principal é datado de 1790, mas está assente sobre estruturas da era romana.
Essa santa justifica, aliás, uma das principais festas religiosas da aldeia, nomeadamente a de Santa Maria Maior de Ul, que decorre nos dias 14 e 15 de agosto. A outra romaria local é em honra de São Brás e realiza-se a 2 e 3 de fevereiro.
Nessas e outras ocasiões, o folclore e as desfolhadas manifestam-se como parte da cultura da aldeia, onde os visitantes facilmente se podem cruzar com os coletivos etnográficos locais, que são o Grupo Folclórico "As Padeirinhas de Ul" e o Rancho Folclórico "Cravos e Rosas". Ambos são protagonistas frequentes nas festas da terra, onde também os artesãos locais têm a sua performance própria, ao manterem vivo o ofício de fabricar utensílios para a confeção de pão – entre os quais canastras, masseiras, cestos, gigos, pás de forno, rodízios e até as pesadas mós que os moinhos de agua continuam a utilizar para moer os cereais. ■