Uma oportunidade de conhecer as Histórias e Estórias locais
A iniciativa Almoce e Jante Connosco nasceu em 2013, filho do HFA – Há Festa na Aldeia, uma ação de desenvolvimento rural dinamizada pela ADRITEM à época e hoje, pelo seu potencial de replicação, pela ATA | Aldeias de Portugal.
Aguçar o engenho mediante as necessidades. Este projeto surge pela falta de opções de restauração nos territórios HFA, uma dinâmica comum às cinco primeiras aldeias onde aconteceu, fruto da crescente desertificação e encerramento progressivo de serviços.
Ao mesmo tempo, e partindo do pressuposto de que que o desenvolvimento só acontece se os atores principais manifestarem vontade de assumir a liderança dos processos, percebeu-se da sua parte uma atitude pouco empreendedora, relacionada com níveis de autoestima muito baixos.
O nosso trabalho perspetivou sempre a mudança nos habitantes e o seu autorreconhecimento para a importância dos costumes e gastronomia tradicionais e de como esse saber pode ser a alavanca para a geração de rendas, contrariando a tendência de quebra de rendimentos económicos.
Assim, montou-se o projeto, o filho cresceu.
Para atenuar os efeitos deste problema social identificado, montou-se uma iniciativa em co-construção com os Municípios, Juntas de Freguesia, Associações Locais e os habitantes que permitisse valorizar o património imaterial, animar a economia local e desenvolver o turismo.
A ideia é dotar a comunidade de competências técnicas para acolher nas suas casas os visitantes interessados em fazer ali uma refeição, num ambiente intimista e descontraído. A experiência genuína da ruralidade, no ambiente e no prato.
É uma oportunidade de conhecer as Histórias e Estórias locais, enquanto se promove a identidade comunitária e se promove o turismo, uma vez que a maior parte destas regiões não tem serviços de restauração abertos.
O melhor da culinária regional, num ambiente descontraído e intimista. Saberes e sabores, segredos na cozinha.
O campo de atuação da ATA enquadra-se nas atividades de capacitação nas áreas do empreendedorismo e da higiene e segurança alimentar; promoção e divulgação das casas e mediação nas marcações. São alicerces necessários que têm garantido a continuidade desta iniciativa e a sua consolidação como produto independente do Há Festa na Aldeia. O filho voa sozinho.
Ao longo dos anos, o Almoce e Jante Connosco resultou em impactos positivos e tangíveis para as comunidades onde acontece na valorização do património cultural (recuperação de antigas receitas), criação de micro-negócios (geração de rendas alternativas para as famílias), promoção da qualidade de vida e maior número de turistas (ao longo do ano, combatendo a sazonalidade).
O Almoce e Jante Connosco, foi em 2018, apoiado pelo Programa Tradições, dinamizado pela EDP – Gestão da Produção de Energia, S. A., que tem como objetivo valorizar tradições regionais ou locais do nosso país, mais concretamente nos municípios onde a EDP possui centros produtores.
Em escada até ao céu
É de manhã que se começa o dia e este começa com uma caminhada num dos vários trilhos marcados à disposição dos visitantes:
– PR 24 AVV – Trilho dos Socalcos de Sistelo (5km)
– PR 25 AVV – Trilho dos Passadiços de Sistelo (2km)
– PR 27 AVV – Trilho do Miradouro da Estrica (4,5km)
– Ecovia do Vez (troço de 11km, entre a Ponte de Vilela e a aldeia de Sistelo)
A visita à aldeia
Em 2020, conquistou o 5.º lugar nos Best Hidden Gems, do site European Best Destinations, e é a primeira aldeia classificada, no seu todo, como monumento nacional. Até aí, a atribuição só distinguiu património edificado.
Comecemos a visita pelo Castelo. Foi mandado construir por Manuel Gonçalves Roque quando regressou do Brasil, no final do século XIX. O cumprimento do sonho de quem regressa, a casa na aldeia que o viu nascer. Hoje acolhe um centro de interpretação da paisagem para os turistas que o visitam.
Da Igreja Matriz, pouco se sabe da sua construção. a primeira referência surge com a passagem da sua tutela da Comarca de Valença para a Diocese de Braga, entre 1514 e 1532. É uma Igreja de pequenas dimensões, dada a pouca densidade profissional, que se funde com o espaço envolvente. Na parte de trás, ao lado do cemitério, o jazigo neoclássico em pedra onde está sepultado Manuel Roque.
Conhecida pelos edifícios religiosos, merecem visita a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as Capelas de Santo António, de São João Evangelista, da Senhora dos Remédios e da Senhora do Carmo.
Se o tempo estiver de feição, não é de dispensar um mergulho na praia fluvial.
Os socalcos
Base da economia agro-pastoril, os socalcos, suportados por muros de pedras nas encostas, construídos com calo e suor permitem bom solo para o milho, o feijão, a batata e a pastagem dos animais, principalmente da vaca barrosão e cachena.
Os espigueiros
Celeiros de pedra para guardar o milho, encontram-se um pouco por toda a aldeia e podem ser apreciados na eira comunitária, cerca de 30 espigueiros recentemente recuperados. Atente também nos lavadouros públicos, testemunhos de outros tempos.
PROGRAMA
*DISPONIVEL NO 1º TRIMESTRE DE 2021
9h00 | Chegada a Arcos de Valdevez |
9h30 | Tour panorâmico de Arcos de Valdevez até Sistelo |
10h30 | Percurso Pedestre (à escolha do participante) |
13h30 | Almoce Connosco em Sistelo |
16h00 | Visita a Sistelo: Passadiços de Sistelo Ponte Medieval Castelo do Visconde de Sistelo Igreja Paroquial Locais comunitários (espigueiros e lavadouros) |
18h00 | Mostra e venda de produtos locais |
19h00 | Fim do evento |
É terra de boa gente, a perfeita mistura raiana, entre a rigidez dos montes e o rio que passa.
Ruas estreitas e flores à porta, diz-se que é a vila mais manuelina de Portugal. A história justifica. Para ali fugiram muitos judeus espanhóis, muitos comerciantes endinheirados, na época da inquisição, que financiaram a arquitetura local. À Igreja Matriz, no centro da vila, construída há mais de 500 anos, património nacional, chamam-lhe o “Mini Mosteiro dos Jerónimos”. Do castelo, ali perto, restam as muralhas, força de outros tempos, força da gente.
Do nome, dizem que o próprio rei D. Dinis andava à procura do seu filho Afonso quando parou para descansar na sombra de um freixo, colocando o cinto com a espada na árvore. Também se conta que pode ter sido um cristão a fugir dos mouros, que acabaram por fugir, assustados com uma árvore que empunhava uma espada, ala que se faz tarde! Assim, Freixo de Espada à Cinta, que em alusão a esta origem, tem num freixo, o freixo de Duarte d’Armas, com mais de 500 anos, classificado como árvore de interesse público, uma espada à cinta.
Os museus
O Museu Regional Guerra Junqueiro fica na casa que pertencia ao pai do poeta, o Junqueira Velho. Tradicional e de cariz etnográfico, abriu portas em 1998, tem seis salas que mostram a vida numa casa abastada, é para quem pode, do fim do século XIX.
O Museu da Seda e do Território, inaugurado em 2015, de valorização do património, reúne todo o acervo etnográfico, arqueológico e geológico recolhido ao longo dos tempos. Por se tratar da única região em Portugal onde se trabalha a seda de forma totalmente artesanal, o Museu contempla uma sala de exposição e venda de peças criadas pelas artesãs que lá trabalham, mantendo vida e de boa saúde este ofício.
Rio, que não sai da minha cabeça
Nas margens do rio, a Congida tem água calma, travada pela albufeira da barragem Saucelle.
Tem tudo o que é preciso: parque de merendas, parque infantil, piscinas municipais e piscina fluvial e esplanada é beira-rio.
No cais, partem os barcos para o passeio, ida e volta, pelo Douro Internacional e pelas Arribas del Duero
Até Mazouco
Entre as curvas e a vista do rio, a descoberta de pequenos milagres da natureza, essa força bruta e inebriante, é obrigatória a paragem no Miradouro do Colado para apreciar e agradecer a sorte.
O nome da aldeia, “Maçouco”, aparece referenciado no foral de D. Manuel II e quer dizer ferro grosseiro. Foi habitada por nómadas primitivos, ainda se chamava Sant’Ana. O crescimento deu-se, dizem alguns, com a chegada dos habitantes da aldeia espanhola fronteiriça Masueco e há quem diga o contrário, que fomos nós os primeiros a passar a fronteira.
Junto ao rio, o acesso não é fácil, mas vale a caminhada. Ali, por entre as pedras, como um segredo, o primeiro exemplo de arte rupestre ao ar livre identificado em toda a Europa, referência de arte do período paleolítico em Portugal. São quatro gravuras, apenas uma está nítida. O Cavalinho de Mazouco, gravado para sempre na pedra de xisto.
PROGRAMA
*DISPONIVEL NO 1º TRIMESTRE DE 2021
9h30 | Chegada a Freixo de Espada à Cinta |
10h30 | Passeio de Barco no Douro Internacional |
13h45 | Almoce Connosco em Mazouco |
17h00 | Visita ao Centro Histórico de Freixo de Espada à Cinta: Castelo de Freixo de Espada à Cinta Freixo de Duarte d’Armas Museu Regional Guerra Junqueiro Museu da Seda e do Território Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta |
19h00 | Fim do evento |
Modernidade e tradição
Os rios Dão, Criz e Mondego passam por ali, cruzando a zona balnear da Senhora da Ribeira. Mergulhos, canoagem, stand-up padel, as opções são várias por ali.
Para quem tem boas pernas, a Ecopista do Dão, 49 km que percorrem o trajeto que ligava a cidade a Viseu.
Começa a visita. A Igreja Matriz, do século XVIII, foi construída em estilo barroco e tem duas torres sineiras.
No centro, o Miradouro do Outeirinho, ex-libris da região. Dividido em dois patamares, tem uma vista impressionante sobre o rio Dão. É de perder tempo e deixar-se ficar.
Entre a Rua dos Aldrógãos e o Largo ao lado da Câmara Municipal, 50 metros de passadiços em madeira, ladeados pela Ribeira das Hortas.
Do nome, dizem que o próprio rei D. Dinis andava à procura do seu filho Afonso quando parou para descansar na sombra de um freixo, colocando o cinto com a espada na árvore. Também se conta que pode ter sido um cristão a fugir dos mouros, que acabaram por fugir, assustados com uma árvore que empunhava uma espada, ala que se faz tarde! Assim, Freixo de Espada à Cinta, que em alusão a esta origem, tem num freixo, o freixo de Duarte d’Armas, com mais de 500 anos, classificado como árvore de interesse público, uma espada à cinta.
Couto do Mosteiro
A três km da sede do concelho, Couto do Mosteiro. Os historiadores acreditam que terá pertencido à ordem dos Templários, o que justifica a origem do nome.
A Igreja Matriz foi construída no ano 1150 e reconstruída cerca de 500 anos mais tarde. De estética simples, como o Pelourinho do século XV, ou o Cruzeiro da Pedrosa, contrastam com a tradição fidalguia, as suas casas brasonadas e solares. Feche os olhos, vista-se a preceito e aprecie o Solar dos Costas, memória edificada de tempos faustos, bem viva até aos dias de hoje.
PROGRAMA
*DISPONIVEL NO 1º TRIMESTRE DE 2021
9h30 | Chegada a Santa Comba Dão |
10h00 | Visita ao Centro Histórico de Santa Comba Dão: Igreja Matriz e Painel de Azulejos Miradouro do Outeirinho Ponte da Ribeira das Hortas Aldrogãos e Largo do Rossio |
13h00 | Almoce Connosco em Couto do Mosteiro |
16h00 | Visita a Couto do Mosteiro: Pelourinho Igreja Matriz de Couto do Mosteiro Capela de Nossa Senhora da Graça Solar dos Costas Cruzeiro da Pedrosa |
17h30 | Mostra e venda de produtos locais |
18h30 | Fim do evento |
A vila, as pessoas, as paisagens, as casas, as tabernas, o vinho, o calor
Fica na margem direita do rio Ardila, no extremo norte do concelho de Moura. No pico do Verão, as temperaturas chegam quase aos 50ºC. Até ao século XX era a maior aldeia portuguesa e já foi a maior central mundial de energia solar, com uma área equivalente a 250 campos de futebol, para quem conseguir imaginar.
A origem do nome tem várias histórias, mas vamos ficar-nos pela homenagem aos campos de flores amarelas que a emolduram, e os seus extensos campos de trigo.
Para iniciar a visita, a Igreja Matriz. Sem um estilo arquitetónico definido, o aconchego de uma casa alentejana, a convidar a entrar. Nossa Senhora da Conceição é a padroeira, refletidas em duas imagens: no interior, a escultura oferecida por Dona Margarida Garcia Vasquez em 1920, trazida de Milão de uma das melhores casas deste ofício; no exterior, um painel de azulejos, datado de 1958. Uma curiosidade: ao lado do painel, existe um pequeno nicho onde, ninguém sabe como, nasceu uma oliveira, a árvore da paz, da fertilidade e da glória dos povos.
Segue-se a Torre do Relógio, cuja construção se iniciou no século XIX e não chegou a ser terminada, mas cumpre o seu propósito, com quatro mostradores que dão horas a toda a vila. Mas contemos a história do início. A Igreja Matriz tinha-se tornado pequena e a população juntou-se para a construção de um novo edifício. Juntos, uns ofereceram as mãos para o trabalho, outros ajudaram financeiramente, cada um deu o que podia, assim como devia ser sempre. Em tempo de guerra, uma habitante prometeu doar bom dinheiro, voltasse o seu filho com saúde, o que aconteceu. A senhora cumpriu a promessa, ajudando toda a vida. Mas promessas não se herdam e, com o seu falecimento, decidiram os herdeiros não continuar a obra, que acabou parada. Já foi cemitério e hoje a sala é usada para espetáculos e exposições.
Antes do almoço, um aperitivo. A gastronomia típica inclui queijo branco de ovelha, porco preto e o vinho de talha, uma técnica de origem romana, mantida até hoje no Alentejo. Segundo o método tradicional, as uvas são esmagadas depois de as separar do engaço, o sumi mistura-se com os outros elementos e essa massa é colocada em ânforas de barro, onde ficam pelo menos dois meses, enquanto se mexem as massas, misturando a parte sólida com a parte líquida, e se vai ganhando o sabor da pele e das grainhas. Façamos um brinde!
Passeio pelo Alqueva: na sombra de uma azinheira
Sobre a vista do barco, os campos alentejanos, azinheiras ali na linha de água, desenho divino. O gado a pastar junto à margem, uma brisa que refresca. É deixar-se ir no balanço, enquanto se encanta com as histórias e os locais.
Moura
O nome homenageia Salúquia, que a lenda diz que se atirou do castelo quando os cristãos invadiram a cidade, ocupada pelos Mouros desde o século XVIII até 1232.
O Castelo, construído sobre um monte calcário, foi reconstruído em 1295 pelo rei D. Dinis. Dos tempos dos mouros, sobrevivem uma torre e algumas secções das muralhas, assim como a ala oeste, onde está o Poço Árabe. Os jardins, de beleza ímpar, convidam a um passeio.
Continuando, em percurso circular, merecem a visita as Igrejas do Carmo e de S. João Baptista, construídas, respetivamente, nos estilos gótico e manuelino.
PROGRAMA
*DISPONIVEL NO 1º TRIMESTRE DE 2021
9h30 | Chegada a Moura |
10h00 | Visita ao Centro Histórico de Moura: Castelo e Torre do Relógio Largo da Mouraria de Moura Igreja do Carmo Igreja de S. João Baptista Casa dos Poços |
12h30 | Almoce Connosco em Amareleja |
15h30 | Passeio de barco pelo Alquevao |
17h00 | Visita a Amareleja: Igreja Matriz Torre do Relógio |
18h00 | Mostra e venda de produtos locais |
19h00 | Fim do evento |
Santiago do Cacém: Desejo cumprido
No cimo de uma colina, o Castelo. A construção é árabe, foi reconstruído pelos templários depois da reconquista da região em 1158. A sudeste da muralha, foi construída no século XVIII a Igreja Matriz. Uma nota importante: no seu interior, um alto relevo que representa Santiago a combater os mouros, merece um olhar atento.
Caminhando pelo centro histórico, paragem no Pelourinho, de 1845, zona de casas apalaçadas e com brasão, entre eles o Palácio dos Condes de Avillez, cujo destaque vai para a tapada do jardim. Parte do recheio do palácio está exposto no Museu Municipal, instalado do edifício da antiga cadeira, onde se pode ainda admirar o espólio arqueológico da presença humana no território desde o período paleolítico, pelas de Miróbriga e ainda a coleção de numismática e arqueologia do fundador do museu, Dr. João da Cruz e Silva.
São Domingos: A alegria de viver
A volta pela aldeia pede para ser demorada, apreciada nos detalhes, nas casas, nas pessoas e na generosidade de quem vive por bem, aquela coisa dos afetos.
É de entrar. O Museu da Farinha foi inaugurado em 2014. Trata-se da antiga fábrica de moagem de José Mateus Vilhena, que hoje apresenta aos visitantes um espólio importante da arqueologia industrial, símbolo de uma época de ouro para esta indústria.
É quando o antes e o presente se juntam, património rural que se quer vivo e de boa saúde, para que cada um saiba de onde veio e para onde vai.
PROGRAMA
*DISPONIVEL NO 1º TRIMESTRE DE 2021
9h30 | Chegada a Santiago do Cacém |
10h00 | Visita ao Centro Histórico de Santiago do Cacém: Castelo e Jardins do Castelo Igreja Matriz Pelourinho Tapada dos Condes de Avillez Parque Urbano do Rio da Figueira |
12h30 | Almoce Connosco em Amareleja |
15h00 | Visita a São Domingos: Igreja de Sâo Domingos Museu da Farinha |
17h30 | Mostra e venda de produtos locais |
18h30 | Fim do evento |