Aldeias de Portugal

Um dos presépios de sal da aldeia de Marinhas do Sal

Aldeia a 30 kms do mar enche-se de presépios de sal até janeiro

Para a Associação do Turismo de Aldeia (ATA), que detém a marca “Aldeias de Portugal” e gere o sistema de certificação apostado em valorizar os territórios mais genuínos da ruralidade nacional, estes presépios são “uma referência entre as manifestações natalícias mais originais do país”, sobretudo tendo em conta que a matéria-prima utilizada nessas criações não é retirada do mar, que se encontra a 30 quilómetros das salinas, mas sim originária de uma mina de sal-gema no subsolo da localidade. “É uma proveniência que muitas pessoas desconhecem ser possível para o sal e, só por isso, os presépios revestem-se logo de um grande interesse e curiosidade”, defende Teresa Pouzada, presidente da ATA.

Na produção dos presépios de sal são habitualmente aplicadas cerca de 30 toneladas desse produto, que, por ter origem no subsolo, assegura às Salinas de Rio Maior o estatuto de únicas ainda em atividade na Europa a explorar uma jazida de sal-gema – que é a designação do sal de origem subterrânea, fossilizado, em forma de rocha.

Inseridas no Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros, estas salinas estão classificadas como Imóvel de Interesse Público e, a partir de um poço, abastecem 70 esgoteiros que distribuem a água salgada por 400 talhos, onde ela repousa até que, por efeito da evaporação, o sal possa ser recolhido para distribuição comercial. Ocupando quase 22.000 metros quadrados, essas estruturas dispõem-se por uma grelha de linhas irregulares que, em torno de superfícies alvas e brilhantes, é, também ela, uma visão estética marcante.

Quanto à paisagem que envolve Marinhas do Sal, é constituída por árvores e campos agrícolas, mas no centro da aldeia também são fotogénicas as casinhas de madeira transformadas em lojas de artesanato, de produtos típicos da região e de petiscos.

“São aspetos muito curiosos e diferentes, mesmo no panorama geral das nossas 130 aldeias classificadas”, diz Teresa Pouzada. “É por isso que, à primeira visita, não há quem não fique agradado e surpreendido com um local tão genuíno – e mais ainda no Natal, perante tantos presépios cheios de detalhe, num material nada convencional e com tanto significado histórico, já que os investigadores parecem concordar que estas salinas são exploradas pelo menos desde 1177 e já antes o sal-gema local era utilizado por romanos e outros povos”. ■

Detalhe de um presépio salino de Marinhas do Sal

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