Situada no concelho de Tavira, em plena serra algarvia, a aldeia de Cachopo é tipicamente rural e dá a conhecer uma população que continua a viver das artes e ofícios que marcam a tradição de comunidade, como é o caso do artesanato envolvendo cortiça e madeira, a tecelagem, a cestaria, a agricultura de sequeiro, a pecuária e até a apicultura, sublimada na produção de mel particularmente puro e agradável.
Esse é, aliás, um dos produtos locais valorizados na Dieta Mediterrânica, classificada pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, a partir de um processo de candidatura em que esteve envolvido o município de Tavira. O reconhecimento da UNESCO confirmou em 2013 o mérito desse padrão alimentar baseado na diversidade de ingredientes, na utilização de produtos locais de acordo com a sazonalidade e na predominância de bens vegetais frescos na ementa. Esses são, afinal, requisitos em que a gastronomia de Cachopo se revela representativa da referida dieta, por preservar um estilo de vida tradicional que ainda está bastante enraizado na aldeia, sobretudo devido ao cuidado com que a comunidade transmite os seus costumes de geração em geração.
Essa atitude de preservação reflete-se também na genuína e pitoresca arquitetura de Cachopo, marcada por casinhas com paredes de xisto caiadas de branco, porta e janelas contornados por faixas de amarelo e telhados com as chaminés rendilhadas tão características do Algarve.
Passear pelas ruas de pedra desta Aldeia de Portugal, dispostas em torno da igreja que decora o topo do povoado, é, portanto, conhecer um património ímpar, que se faz de edificado revelador da história social desta região país – daí o Núcleo Museológico de Cachopo – e que se complementa com uma envolvente natural de grande beleza paisagística.
Esse cenário faz-se de moinhos de vento, ruínas de casas circulares com origem na pré-história e espécies vegetais e animais exclusivas do Algarve, para descobrir em percursos pedestres com partida na Estação de Biodiversidade de Cachopo. Essa estrutura consiste num troço de 1.000 metros coincidente com a Secção 5 da Via Algarviana e, desde 2021, integra vários painéis com informação científica sobre a flora que se deixa fotografar por toda a gente e sobre a fauna que, mais ou menos extrovertida, só alguns conseguirão vislumbrar. ■